Primeira parte de um sermão expositivo sobre Mateus 24.1-14. [1]
Cremos que o Senhor Jesus Cristo virá em breve buscar a sua Igreja, conforme nos prometeu nos últimos versículos das Sagradas Escrituras. O “Eis que breve venho” de Apocalipse 22.20 não é somente uma sentença meramente especulativa, mas um “até logo” de consolo e conforto para os nossos corações. O Senhor nos prometeu que nunca nos deixaria sós, mas Jesus nos falou: “eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”( Mateus 28.20)[1].
O Senhor nos apresentou alguns sinais da iminência de sua volta. Sinal pode ser entendido como um aviso para que cada um de nós fiquemos alertas e vigilantes, mas nunca paranóicos, pois esses marcas não aconteceram com o objetivo de nos amedrontar, pois Cristo nos fala “não vos assusteis”. Não são poucos os que deixam de desfrutar de uma paz que advêm do Espírito por medo da vinda de Cristo. Medo esse, muitas vezes produzidos por pregadores sensacionalistas, que em lugar de mostrarem a vida de Cristo como a “bendita esperança”, gostam de comparar o advento com algum cataclismo de filmes hollywoodianos.
Os sinais não são dados como exercício de futurologia, onde cada um pode ficar brincando de previsões sobre o futuro que nos aguarda. Devemos sempre evitar a tentação de apontar para alguns eventos específicos como um sinal da vinda do Senhor, sem antes ver se não estamos misturados de uma mania futurológica. Os sinais, também, não são fundamentos para a “preguiça escatológica”, onde muitos na expectativa da iminência deixam de agir como cidadãos desse planeta. Não, a vinda do Senhor não deve criar alienações.
Paulo enfrentou pessoas na igreja da Tessalônica que não mais trabalhavam, pois alegavam que estavam esperando o advento de Cristo. Ora, quantos hoje não mais ligam para cuidar do nosso planeta, não fazem planejamentos e nem se despertam para a construção do futuro por causa de uma visão escatológica distorcida e anti-bíblica. Devemos conviver com o paradoxo de tentar construir o mundo melhor, mesmo não tendo boas expectativas sobre o futuro, pois não temos a tarefa de senhores do tempo, como “Jesus respondeu: — Não cabe a vocês saber a ocasião ou o dia que o Pai marcou com a sua própria autoridade” (Atos 1.7).
Vigiar e esperar
Notas:
[1] Nesse blog publicarei alguns trechos desse sermão no decorrer desses dias.
[2] Sermão expondo Mateus 24.1-14 numa perspectiva pré-milenista futurista, mas em alguns pontos estaremos dialogando com as demais escolas interpretativas, mas sem exaustão e termos teológicos no corpo do texto, justamente por ser um sermão. As principais escolas interpretativas no contexto escatológico são o futurismo, preterismo, idealismo e historicismo. O Futurismo costuma interpretar as profecias no campo do futuro, ainda por acontecer. O Preterismo julga que as profecias bíblicas cumprem-se no contexto do Império Romano; grandes exegetas como F.F. Bruce interpretavam as profecias de Mateus 24 cumprindo-se em sua totalidade na queda de Jerusalém no ano 70 AD. O idealismo ensina que o objetivo das supostas profecias são ensinos de princípios e lições para os cristãos, onde enxergamos um quadro simbólico da luta entre o Reino de Deus contra as trevas, ou seja, a escatologia não tem efeitos sobre a história humana, seja passada ou futura. O Historicismo vê na história da igreja o cumprimento das profecias bíblicas, portanto a análise importante está na riqueza história da Igreja do Senhor. Seria de uma pobreza muito grande fechar o pensamento somente em uma dessas escolas. O dialogo entre elas será importante nas interpretações escatológicas, porém nesse sermão não será possível esse aprofundamento.
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