I - Como Desconstrução da Lei da Liberdade em Cristo
► A moral não é um tema cristão, seja para a salvação, a santificação e para promover a verdadeira liberdade em Cristo. Esta verdadeira liberdade só pode ser experimentada quando o coração muda pela obra do Espírito e da Palavra, e se entrega ao amor de Cristo Jesus, deixando-se por Ele “constranger”, tornando assim uma nova criatura (IICor.5:14-17).
► Entende-se aqui Moral como tentação e sedução, e uma das mais fortes formas de tentação aos conteúdos do Evangelho de Cristo, isto porque a Moral pode ser pecado, pois Ética encontra-se na Bíblia e Moral encontra-se no mundo.
► Um breve conceito de Moral de acordo com o dicionário da Língua Portuguesa diz que Moral é a parte da filosofia que trata dos costumes ou dos deveres dos homens.
► A moral tem muitas seduções, afinal, a força do pecado é a Lei (ICor.15:55), e embora Lei e Moral não sejam a mesma coisa, todavia o sentimento Moral é sempre legalista, onde entra com suas fórmulas, certezas e “pacotes” de receitas comportamental.
► Experimentar a Graça na consciência e que nasce da obra incessante do Espírito e da Palavra no “homem interior”, que é a verdadeira liberdade em Cristo.
► Mas essa liberdade em Cristo cansa e apavora a maioria dos Cristãos, pois não sabendo o que ser e nem fazer, preferimos um “pacote”, mesmo que Moralista, a fim de diminuirmos nossos “riscos”.
► O caminho que nos conduz à Vida, é estreito, e implica numa entrega de fé a Deus e à Vida.
► A graça só é verdadeira, quando vem de Deus pela Palavra e pelo Espírito e atinge o coração, sem nenhuma necessidade de mediação sacerdotal humana, pois muitos se têm feitos mediadores entre Deus e os homens (ITim.2:5), sejam indivíduos ou seja a “igreja” (IPed.5:1-3; IIPed.2:1-3; Col.2:8)
► Esses mediadores, os “fariseus religiosos”, “ativistas da liberdade”, confundem liberdade de ação com liberdade em relação ao Moralismo, pois poucas expressões de liberdade se tornam tão Moralistas como aquelas promovidas pelos revolucionários, anarquistas ou rebeldes.
► A questão é que eles não sabem que liberdade não se conquista com liberdade de expressão, mas com a pacificação do ser. E, isto, só acontece quando as lutas cessam pela presença da paz de Cristo, que excede a todo entendimento (Fp.4:4-7)
► A tentativa de explicação é sempre Moral. Sem a graça, todo “ato” necessita de justificação, e toda justificação própria nada mais é que um atestado de pertencimento ao estado de culpa. Porque é o homem autenticando os seus “instantes-momentos” pela via de sua própria significação.
► A Moral é incompatível com a Verdadeira Liberdade porque ela nos manda de volta para a Lei, seja ela a Lei de Moisés ou a Lei Existencialista de Satre.
► Paulo fala em Colossenses 2:20 que os “rudimentos do mundo” tentam se interpor entre nós e a “liberdade em Cristo”, e essas coisas tem “aparência de humildade e sabedoria”, mas são de fato “culto de si mesmo e falsa humildade”, pois se escondem tanto na arrogância do comportamento, quanto também no falso carismatismo.
► Isso que Paulo fala e que João chama em Apocalipse de “Doutrina de Balaão” e de “Doutrina dos Nicolaítas”, não tem valor algum conta a satisfação da carne, pois dissolvem o ser. E dissolução é o dissolvimento do ser.
► A Lei é santa e boa, o problema, é o mal que reside em mim. O problema da Lei é que seu condutor-histórico-existencial é doente: o homem (Rm.7:20; 8:3)
► A Lei faz o diagnóstico, a Cruz trás a salvação (Rm.7:7; 4:24,25; 5:1,2).
► A revelação da Lei é o pecado humano! (Rm.3:9-18); Ou seja, a Lei veio para revelar o pecado.
► A Graça nos torna adultos, pois nos remete a uma nova percepção da vida, e as diferenças ficam todas sob o Senhorio de Cristo, onde as categorizações humanas não devem existir na mente daqueles que possuem a mente de Cristo, conforme o Evangelho (Gl.3:28,29)
► Para estarmos salvos temos que estarmos “mortos em Cristo”, mortos para os rudimentos do mundo, que é uma busca pela santidade através do ascetismo santarado, isto é, valores mundanos que não passam de Moral e seus derivados, uma tentativa de tornar santo de fora pra dentro. Isso é apenas um condicionamento comportamental.
► Não somos livres do mal sendo tirados do mundo através de um isolamento comportamental, mas livres à medida que crescemos na Graça como consciência pessoal em Cristo. A experiência da liberdade do mal só acontece como expressão genuína da consciência cativa de Cristo vivendo no mundo e no meio do seu mal (Jo.17:11-15).
► Graça e conhecimento se remetem um para o outro em Cristo, e isto implica em uma gestação de Graça e revelação de Quem é Deus para nós e quem nós somos Nele (IIPed.3:18)
► É por essa Nova Consciência que passamos a enxergar a tudo e a todos, inclusive a nós mesmos, e desse novo modo de ver as coisas, que é o verdadeiro arrependimento, que vem a nossa liberdade crescente em relação ao mal.
► A Nova Consciência é gerada, pois a Lei é inscrita no coração e, assim, cria uma consciência que busca a justiça na Graça (Rm.4:16). E assim passa do ser liberto da Lei para servir a Deus com a justiça de uma boa consciência. (Jr. 31: 33; Ez. 11:19; 18: 31; 36: 26; Jl. 2:13; Rm 13: 5; I Co. 10:25 e 29; II Co. 4: 2; I Tim 1: 5 e 19; Heb. 9: 9 e 14; 13: 18; I Pd. 2:19;3:21)
► A fé é pessoal, e a consciência também. (ICor.8; 10; Rm.14); Deus não deseja formatar homens, mas antes, dar-lhes consciência segundo o entendimento espiritual do evangelho.
► Então a vitória que vence o mundo e seu mal, ou seja os seus rudimentos ou a moral, é a nossa fé, mas não a fé nas nossas capacidades, mas sim em Jesus e o que Ele fez na Cruz (IJo.5:1-5).
► Pois qualquer confiança fora da Graça em Jesus que nos gera uma Nova Consciência, seja a obediência à Lei ou aos rudimentos do mundo, que é o “escrito de dívidas” ou a Lei da Moral, nos põe de volta nas mãos dos principados e potestades, pois eles se alimentam da culpa e nos desejam ver sob o medo a Lei, pois no medo, não há devoção, visto que nele não há amor, portanto, não há voluntariedade na entrega do ser.(Col.2:8-23)
► E se for assim, “Cristo de nada vos aproveitará”, e nossa casa-ser fica apenas “varrida e adornada”, e livre pra ser ocupada e ficar sete vezes pior, e o “último estado é pior do que o primeiro”. (Gl.5:1-4; Lc.11:24-26)
► São justamente esses os rudimentos, as coisas que nós julgamos mais gostosamente diferenciadoras entre nós e o “mundo", o ascetismo (pessoa que vive na prática de devoção e penitência), e todas as demais formas de auto-exaltação do comportamento externamente “santificado”, “mas que não têm valor algum contra a satisfação da carne”. (Col.2:23)
► Esses rudimentos morais deste mundo ou as tradições em qualquer cultura humana são poderosíssimas. O grande perigo desta “tradição teológica” é que ela faz silenciar a voz do “profeta”, isto é, quem tem uma “teologia” não quer “profecia”, pois a “teologia” como instituição de dogmas e tradições mata a palavra profética, pois ela assegura a certeza da tradição e do dogma. A profecia “desinstala” todas as certezas e nos conclama a ouvir a Voz de Deus Hoje. Portanto, onde há “teologia e doutrina” conforme dogmas, não há profecia, conforme a Palavra e o Espírito! (Hb.3:7,8; 4:7,12)
► Se há Moral não há liberdade! Pois não se trata apenas da Lei de Moisés, mas também da Lei da Moral onde residem os mandamentos de homens. E se a Lei que é maior que a Moral foi relativizada pela Palavra, a Moral muito menos pode ser usada como instrumento de piedade e santificação entre Deus e o homem. (Col.2;3)
► Todavia se há “liberdade em Cristo”, não há a prática cínica da iniqüidade, pois aqui há uma nova consciência gerada pela Graça, e o que nos impele a não pecar não é um mandamento nem o temor da sua punição, mas sim a consciência de um “amor que constrange”.
► A liberdade em Cristo não é compatível com nenhuma forma de Moral, pois o seu fruto, o da liberdade, não é outro que não seja justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17; Gl.5:22,23). É o filho quem liberta e é Dele a Verdade que liberta (Jo.8:32-36)
► Quanto mais Moral uma sociedade é, mais politicamente correta ela se mostra, com menos liberdade ela se expressa, e mais doente ela se torna.
► O nosso “orgulho Moral” é nossa morte, pois dentro do aquário de nossas Moralidades não há vida, nem criatividade, e muito menos, poder para ver sem desejar tocar, provar e comer. (Col.2:16-23)
► A maioria dos cristãos existem nos “claustros” do medo e da culpa!
► Até mesmo o discurso da liberdade pode se transforma em Moralismo. É o Moralismo dos liberais, dos liberados, dos rebeldes e dos auto-glorificados e sua certeza de que a salvação do ser é mostrar, não importando como e nem contra quem ou o quê! (Gl.5:13)
► O grande poder da Graça em Cristo Jesus é que através do Seu Espírito, o Deus Pai de Justiça nos justifica com um Amor sério. Este Amor, que é o único Poder na terra capaz de “constranger” um homem livre a escolher em seu favor, ou seja, escolher o que é bom, porque escolhe aquilo que Deus diz ser bom para ele, conforme a revelação da Escritura, atualizada pelo Espírito como Palavra de Cristo em nosso coração. (IICor.5:14-17)
II - Como Estelionato da Graça
► A Graça é um problema para os cristãos desde o início, basta ver as cartas de Paulo aos Romanos e aos Gálatas.
► O problema da Graça é que ela cura, mas a doença vicia e gera mecanismos de dependência e co-dependência.
► O problema da Graça é a liberdade que ela gera, pois a liberdade apavora, à medida que nos conclama a responsabilidade e nos concede a benção de pensar, sentir, discernir e nos julgar. (Rm.14:13-23)
► O problema da Graça é que ela nos faz profundamente auto-conscientes, e assim a voz que se faz ouvir diante de Deus é a da minha consciência (IICor.3:13-18). Mas a maioria não deseja ter que decidir e assumir a responsabilidade de ter exercido a sua própria consciência diante de Deus e dos homens, e, sobretudo, diante de si mesmo (Gl.3:1-5).
► Portanto, quanto mais Moral é um ser, menos consciência pessoal ele tem! (ICor.3:14-16)
► Consciência pressupõe a preexistência de liberdade, e esta só se manifesta na Graça, pois é somente nela que se perde o medo de ser. (Rm.5:1-3; ICor.4;3-5)
► A questão é que a maioria das pessoas pensa que liberdade induz ao erro.
► Quanto mais Lei ou Moral, mais conhecimento do pecado, e assim sendo, mais a neurose do pecado se instala em nós. A Lei gera a certeza da culpa, e que produz a obsessão de vencer por conta própria. (Rm.7:7,8)
► Mas quando se descansa em Cristo e na Sua Graça, para-se de lutar contra si mesmo (Rm.7:24,25), pois Jesus já agradou a Deus em meu lugar. (ICor.1:30,31)
► Quando a alma encontra descanso em Cristo, por não ter a necessidade de se livrar da culpa, é liberta do medo por esse amor de Deus revelado na Cruz, e então a alma encontra o seu ninho e experimenta uma paz que não foi produzida pela justiça pessoal.(IJo.4:17-19; Fp.3:12-16)
► Assim os doentes já estão sarados para poderem ser curados à medida que descansam no amor que tira da alma toda fobia, toda dívida e toda neurose (Hb.7:26-28).
► Quando há esse descanso e essa libertação do medo e da neurose, o mundo deixa de ser um lugar onde sou tentado, e passa a ser o lugar onde eu vivo, pois Jesus não orou para nos tirar do mundo, mas sim no livrar do mal (Jo.17:15). O problema não é o mundo, e sim o mal que nasce, antes de tudo, dentro daquele para quem todas as coisas são impuras, no qual esse sentimento de “impureza” em relação a tudo e todas as coisas (o mundo), é fruto de um mente já adoecida pela neurose da Lei. (Mc.7:15; Rm.14:14; Tt.1:15)
► Somente a Graça torna todas as coisas puras para os puros, pois é apenas quando a vida é desdemonizada, que se pode experimentar a plenitude dos nossos sentidos, sem nos deixarmos tomar pela sensualidade escravizada da obsessão da sedução ou da posse. (Tt.1:15; Cl.2:21-23; Mt.6:22,23)
► O mais chocante de tudo isto é que Jesus afirmou “aos amigos de Jó” de Seus dias, os religiosos que praticavam a Teologia da Moral de Causa e Efeito, que sua permanência na Lei e seu legalismo exterior os havia tornado “filhos do diabo”, e ainda os colocava na posição de “querer satisfazer-lhe aos desejos”.(Jo.8:44)
Obs.: Quando o homem procura justificar se a si mesmo, seja para salvação ou santificação, ele confirma o princípio de Lúcifer de querer ser deus, e que fora aderido por Adão e Eva, de se legitimar independente de Deus. E isto, os tornara “filhos do diabo”.
► E outra coisa intrigante é que Jesus não fez essa advertência aos que “quebravam a Lei”, (pecadores, publicanos, meretrizes), mas diretamente aos que se diziam os “mestres de sua observância”. Para Jesus esses eram os maiores responsáveis e com o poder de corromper e afastar o homem de qualquer experiência genuína com Deus. (Mt.23:13)
► Essa observância externa da Lei era que os fazia “andar em trevas” (Jo.9:41). Andavam em trevas porque esses amantes exteriores do comportamento legal e moral, não tinham o entendimento do significado da Lei. Pois a Lei foi dada para que houvesse a consciência-consciente da impossibilidade de redenção pelos instrumentos da Lei ou da Moral. (Rm.5:20; 7:7-23)
► E quais são esses “desejos do diabo” que eles desejavam realizar? (Jo.8:44); Se trata da mesma “obsessão” de Lúcifer, o desejo de ser Deus pela via da justiça própria e mediante o uso da Lei.(Jo.8:30-59)
► Então o “desejo do diabo” que os “filhos de Abraão” desejavam “satisfazer” era a Teologia Moral de Causa e Efeito. E essa “Teologia” gera uma compulsão homicida, pois se tornam “homicidas” em relação ao próximo que não sabia, não queria, não se estimulava ou não cria nessas observâncias. A esses desejam matar, pois na Moral ou na Lei não há compaixão, não há tolerância para aqueles que quebram “os princípios” e por isto deviam agora experimentar o efeito como morte por “apedrejamento”, conforme os “senhores do saber e da verdade”. (Jo.8:5)
► Não há compulsão satânica mais forte na alma que aquela gerada pelo fanatismo à Teologia Moral de Causa e Efeito, e esse é o “desejo do diabo” a ser satisfeito pela Lei e seus discípulos.
► Sempre que o consciente humano se deixa intoxicar dessa “Teologia Moral”, o inconsciente humano se enche de juízos, homicídios, taras, compulsões, que troca a verdade no íntimo pelas performances exteriores praticadas em nome de Deus contra o próximo.
► Quanto mais Moral for o consciente, mais pagão será o inconsciente humano. Pois sem que a Lei vire um defunto na consciência humana, desobrigando-nos de qualquer fidelidade para com a Lei, pois está morto em Cristo, ninguém consegue “florescer para Deus e dar fruto” desde dentro. (Rm.7:1-4)
► Na Cruz todos nós que estivemos casados com a Lei (aqui, não é só a Lei de Moisés, mas assim como ela, são todos os dogmas ou costumes que nos tente justificar diante de Deus, não só para salvação, mas para depois dela também, a nossa santificação), nos tornamos viúvos desse ex-marido tirânico, a fim de que, agora possamos nos casar sem culpa e sem nada além da chance de um novo amor.
Resumo-Estudo do Artigo ou livro do Caio Fábio, “Teologia Moral de Causa e Efeito dos Amigos de Jó, como descontrução da liberdade em Cristo e estelionato da Graça”.
Renato Montuani Filho
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